júri da kiss

'O Mauro confiava nos órgãos públicos', afirma defesa

Leonardo Catto

A terceira defesa a falar nos debates foi a do réu Mauro Hoffmann, ex-sócio da boate Kiss. Quem começou a fala foi o advogado Mario Cipriani.

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O defensor falou que acompanha o processo desde o primeiro dia. A fala foi iniciada indicando que os quatro réus são "bois de piranha", por serem os únicos denunciados. Segundo ele, órgãos públicos também tinham que ser responsabilizados.

- Não é o afastamento desses, mas o reconhecimento que o que aconteceu foi uma fatalidade, acidente, sucessão de falhas - disse sobre o que pede.

PARTICIPAÇÃO
Mario falou que não diria sobre Mauro ser proprietário ou não da Kiss. Ele definiu isso com o certo, mas focou em perguntar o que o réu de fato teve como ação.

- Tenho que ouvir que o Mauro confiava na sorte? Não, o Mauro confiava nos órgãos públicos. Não conseguiram demonstrar aqui qual foi a conduta do Mauro. Ele fez o quê? - questionou.

O réu, segundo o defensor, apenas comprou parte da Kiss depois que foram feitas obras na boate. Mario atribuiu isso ao Ministério Público (MP), responsável pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

LOTAÇÃO
A defesa criticou o que o MP falou sobre a quantidade de público na Kiss. Segundo o defensor, havia inconsistências na lista de vítimas apresentada pela acusação.

- Foi criado ao longo desses anos, uma sucessão de inverdades. Uma delas é a famosa superlotação. Ninguém nega o tamanho da tragédia. Fica nítido que esse número foi colocado para ultrapassar a lotação que o cálculo populacional que o laudo dizia - afirmou Mario.

CRÍTICAS
O advogado Bruno Seligman continuou a argumentação depois de Mário. Ele falou que também acompanha o processo desde o dia 1, assim como conhece o abatimento pela tragédia.

O defensor seguiu o raciocínio do colega que falou antes. Bruno criticou as estratégias do Ministério Público (MP) enquanto acusação. Um exemplo foi um áudio de ligação para o 190 durante o incêndio.

- Esse áudio é a metáfora desse processo, da ineficiência do serviço público - disse.

A promotoria interrompeu a fala em seguida, mas não foi concedido o aparte. Bruno retomou o que Ricardo Lozza falou sobre ter confiado no alvará concedido à Kiss.

- O Ministério Público deveria estar no banco dos réus, que acobertou uma série de irregularidades para proteger os seus - criticou.

O defensor explicou que dolo eventual é relacionado com assumir o risco. Segundo Bruno, o conceito que cabe ao caso é o de "culpa consciente". As criticas ao MP seguiram ao mencionar o que era dito pelos promotores para os jurados.

OUTROS CASOS
O advogado mencionou o Caso Daniella Perez, que provocou alteração em lei para crimes hediondos. Ele defendeu que a lei não é retroativa, mas que pode ser alterada.

Também foram mencionados outros casos. Um foi o do Ninho do Urubu, em que adolescentes morreram em um alojamento do Flamengo. Foi mencionado o Hopi Hari, em que uma adolescente morreu em um acidente no parque de diversões. Ambos, reiterou Bruno, foram definidos como crimes culposos. O defensor também citou o caso da República Cromañón, na Argentina, e o acidente do voo GOL-1907, em 2006.

- O MP quer que esse processo seja conhecido como o processo da boate Kiss ou como o maior erro judiciário da história desse Estado? É isso que vai acontecer com uma condenação dessa forma - falou sobre a acusação.

O defensor pediu a absolvição de Mauro por "ausência de autoria". Também foi pedido aos jurados absolvição de Elissandro. Em segundo lugar, Bruno pediu que, ao menos, fosse desconsiderado dolo eventual. Em último lugar, o pedido foi que a participação de Mauro seja considerada menor.

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